Fotografia de Casamento, Retrato e Corporativa – Algarve

O flash em TTL: O que é?

As câmaras fotográficas vêm normalmente equipadas com um flash incorporado, designado muitas vezes de flash pop up. As limitações que este flash apresenta são tantas que, para se conseguir uma fotografia interessante e com resultados aceitáveis não o deveríamos utilizar, ou só utilizar quando não temos outra forma de iluminar o nosso assunto naquele momento.
Flash incorporado na câmara (pop up)
O recurso a um flash externo é uma excelente alternativa pois permite-nos uma maior qualidade, versatilidade e criatividade nas nossas fotografias que nunca conseguiríamos com o flash pop up das nossas máquinas.
Flash externo na sapata da câmara
Antes de começarmos a falar do flash propriamente dito deveremos perceber o significado do sistema TTL.

SISTEMA TTL

BREVE INTRODUÇÃO

O TTL é uma sigla que vem do inglês e que significa Through The Lens, em português será o mesmo que dizer “através da lente”.
Um dos aspectos a destacar na evolução da tecnologia das máquinas fotográficas foi o facto de se ter colocado um “medidor de luz” dentro da própria câmara fotográfica. Este “medidor de luz”, designado tecnicamente de fotómetro, tem como função traduzir a energia luminosa em abertura e velocidade medindo assim automaticamente a luz que é reflectida pela cena que estamos a fotografar e que entra através da lente (TTL- Through The Lens).
Com esta (r)evolução tecnológica foi possível automatizar a leitura da luz sem necessidade de se recorrer a um fotómetro externo, como aliás era prática comum dos fotógrafos profissionais na era analógica.
Com o recurso ao fotómetro embutido nas câmaras fotográficas actuais e graças ao sistema TTL, o trabalho do fotógrafo ficou bastante facilitado. Um dos aspectos a ter sempre presente é o facto dos fotómetros das nossas câmaras medirem a luz que é reflectida da cena. A luz reflecte de forma diferente dependendo da cor da superfície em que esta incide. Veja-se como exemplo uma superfície de cor branca e outra de cor preta. Mantendo-se a mesma fonte e intensidade de luz, a superfície branca irá reflectir mais luz do que a superfície preta e, consequentemente, o fotómetro de luz reflectida fará uma medição diferente para cada situação. Essa medição nem sempre é a mais correcta, cabe ao fotografo estar atento e guiar a exposição de acordo com o que está a ver à sua frente.
Devemos ter sempre presente que o sistema TTL nem sempre nos dá os resultados mais correctos!
Para entendermos melhor o TTL e as suas limitações é necessário compreendermos como o fotómetro encontra a luz certa para uma determinada situação. As câmaras digitais utilizam um padrão, uma medida, que não é mais do que um ponto de referência a partir do qual calculam a quantidade de luz certa para a exposição. Este padrão de referência é designado por “18% cinza”, mas também é conhecido por cinza neutro ou tom médio de cinza. O cinza “18%” é um padrão que corresponde a uma mistura exacta de 50% de branco e 50% de preto e é equivalente ao meio da exposição. A reflectividade deste cinza é exactamente 18% da luz incidente.
Vamos fazer alguns exercícios para ilustrarmos o que temos vindo a discutir e assim retirar algumas conclusões práticas.

EXERCÍCIO 1

FOTOGRAFAR UMA SUPERFÍCIE CINZA
Utilizando um cartão de calibragem 18% cinza vamos fazer uma fotografia no modo manual e colocar o indicador do nível de exposição da máquina fotográfica no valor zero, como se mostra na imagem seguinte.
Indicador do nível da exposição
Para realizar este exercício será necessário uma câmara fotográfica com a possibilidade de ajustar a velocidade e abertura, como por exemplo uma máquina DSLR ou Mirrorless.
Superfície cinza
Como seria de esperar a fotografia é cinza, muito próximo dos 18%, o que também nos é confirmado pelo histograma encontrando-se este predominantemente centrado.

EXERCÍCIO 2

FOTOGRAFAR UMA SUPERFÍCIE BRANCA

Vamos agora fotografar uma superfície de cor branca, superfície esta que obviamente reflecte mais luz que a superfície anterior. Seguindo o procedimento anterior e colocando o indicador do nível de exposição no valor 0 (zero) obtemos o resultado da imagem ao lado.
Uma superfície branca magicamente transformada em … cinza?!

O fotómetro da câmara ao receber a luz reflectida pela superfície branca, fez com que fosse necessário um ajustamento, por exemplo pela via do aumento da velocidade do obturador tornando o branco no padrão cinza.
Superfície branca

EXERCÍCIO 3

FOTOGRAFAR UMA SUPERFÍCIE PRETA
O mesmo acontece com uma superfície preta, mas agora num sentido inverso. Isto porque a cor preta reflecte menos luz que o valor padrão (18% cinza). Colocando o indicador do nível de exposição no valor 0 (zero) teríamos o resultado na imagem ao lado. A câmara irá ajustar-se por forma a deixar entrar mais luz pelas lentes, transformando o preto em cinza.
Superfície preta
Os exercícios anteriores demonstraram que a nossa máquina fotográfica, mais concretamente o indicador do nível de exposição, está programado para nos indicar o ponto médio que corresponde ao padrão (18% cinza). O fotógrafo pode discordar da informação que a máquina lhe fornece e ajustar os parâmetros de exposição tendo em conta a situação concreta que está a fotografar. Em última instância é o fotógrafo que decide e não a câmara.

FLASH EM TTL

Na essência o flash só tem dois modos de operar, ou está ligado ou está desligado. O que determina se temos mais ou menos luz é o tempo em que o flash está ligado.
Em termos gerais o flash em modo TTL funciona da seguinte forma, como ilustrado na animação que apresentamos de seguida:
(1) o flash dispara uma quantidade de luz (pré flash), iluminando os objectos e/ou pessoas que estamos a fotografar;
(2) essa luz é refletida e entra na lente (TTL);
(3) é analisada pelo fotómetro da câmara
(4) a câmara vai informar o flash por quanto tempo a sua luz tem de ficar ligada e é gerado o flash;
Toda este processo é extremamente rápido, funcionando à velocidade da luz.

Funcionamento flash em TTL
A questão agora é perceber quanto tempo a luz deve ficar ligada. A resposta será o tempo necessário para transformar o cinzento fotografado anteriormente em 18% cinza.

EXERCÍCIO 4

FLASH EM TTL FUNDO CINZA
Como já referido anteriormente a máquina fotográfica usa um padrão, um ponto de referência a partir do qual calcula a quantidade de luz certa para a exposição (18% cinza). Quando utilizamos o nosso flash na nossa fotografia este padrão também estará subjacente a todo o processo de medição. Fotografando-se um fundo cinza com o flash em TTL e colocando o indicador do nível de exposição da máquina fotográfica a 0, será de esperar que se registe cinzento.

EXERCÍCIO 5

FLASH EM TTL FUNDO BRANCO
Colocando novamente o flash no modo TTL e o indicador do nível de exposição da máquina a 0, fotografando-se uma superfície branca esta será registada como sendo cinzento. Se eu pretender corrigir a exposição e assim abrir a abertura da lente para deixar entrar mais luz, por exemplo de f/4 para f/2.8, vamos ter o mesmo cinza em ambas as fotos, as fotos vão ficar rigorosamente idênticas. A diferença é que na abertura f/4 o flash esteve aceso durante um determinado tempo “x” para a superfície ser transformada em cinza enquanto que a f/2.8 o flash esteve aceso um tempo “y” para transformar essa mesma superfície em cinza.
Superfície branca, Abertura f/2.8
Superfície branca, Abertura f/5.6
Sempre que se abrir ou fechar a abertura da lente o flash vai sempre ajustar automaticamente o tempo em que este está aceso para transformar o mesmo tom cinza 18%. No caso de fotografarmos um cartão branco, nós precisamos de avisar o flash, utilizando a compensação da exposição do flash, para que este esteja mais tempo aceso que o valor recomendado pela fotómetro da câmara (por exemplo +1 ponto EV). Para assim obtermos a cor branco em vez do cinza 18%. Este é sem dúvida o aspecto mais interessante do sistema TTL. Da mesmo forma do que acontece com a luz natural, utilizando o flash o fotógrafo tem total autonomia em decidir quanto pretende fugir do padrão cinza 18%. Acontece muitas vezes que por desconhecimento do fotógrafo, este abre muito a abertura da lente e o limite inferior da distância dado pelo flash é ultrapassado acabando por “estourar“ (sobrepor) a fotografia. Para se refinar a exposição do flash no modo TTL recorremos à compensação do flash. Normalmente os flashes com características mais avançadas, apresentam no painel LCD traseiro uma informação extremamente importante e que respeita ao alcance da iluminação. Neste ecrã somos informados sobre a distância mínima e distância máxima que o flash consegue iluminar corretamente e garantir o valor padrão de cinza 18%.
Alcance da iluminação
Nesta fotografia verificamos que a distância mínima é de 0.7 metros e máxima de 6 metros. Para qualquer distância entre esses dois valores o flash vai-se automaticamente ajustar via TTL por forma a iluminar correctamente o assunto que está a ser fotografado. Mesmo nas situações em que o assunto a se fotografar se movimente entre estes dois limites o flash irá proceder aos respectivos ajustamentos de iluminação automaticamente.

FLASH EM MODO MANUAL OU TTL ??!!

VANTAGENS FLASH EM TTL

O flash no modo TTL apresenta entre as suas vantagens:

  • rapidez;
  • simplicidade;
  • versatilidade;

O flash em TTL é especialmente útil em situações em que a distância do flash ao assunto não é sempre igual, alterando-se de forma rápida. Deixando este trabalho de ajuste a cargo do flash, permite-nos maior fluidez nas nossas sessões fotográficas.
Nas situações em que pretendemos obter uma imagem final de forma mais rápida sem necessidade de se seguir um processo mais metódico e também mais demorado, como acontece com o flash em modo manual, o modo TTL poderá ser a solução.

VANTAGENS FLASH EM MANUAL
Na minha opinião a principal vantagem de utilizarmos o flash em modo MANUAL é sem dúvida a consistência da nossa luz, imagem após imagem. Sempre que estivermos a fotografar e a distância do flash ao nosso assunto é constante faz todo o sentido utilizar-se o flash em modo MANUAL.
Picture of Paulo Teixeira

Paulo Teixeira

Este blog nasceu da vontade de partilhar conhecimento de forma genuína e acessível. Acredito profundamente que a troca de ideias e experiências é uma das formas mais ricas de crescer — não só enquanto fotógrafo, mas também enquanto pessoa. Aqui, não vais encontrar fórmulas mágicas nem atalhos vazios, mas sim reflexões, dicas práticas e conteúdos com propósito, criados para inspirar e ajudar quem está neste caminho da fotografia.

Para mim, aprender fotografia é sobretudo aprender a ver o mundo com outros olhos. Por isso, privilegio o contacto directo, as sessões práticas, as conversas informais e as perguntas simples (mas importantes). A experiência no terreno, os erros que cometi e os métodos que resultaram são o que partilho aqui, sempre com o intuito de tornar o processo de aprendizagem mais claro e gratificante.

Acredito numa aprendizagem contínua e mútua. Este blog não é apenas um espaço para ensinar, mas também para aprender contigo — com as tuas dúvidas, experiências e visões. Se este espaço te fizer pensar, experimentar ou ver de forma diferente, então já está a cumprir o seu propósito.

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