Um regresso à fotografia com tempo
Há cerca de 12 anos, experimentei — por muito pouco tempo — o mundo fascinante das longas exposições na natureza. Fotografias onde a água se transforma em seda, as nuvens se alongam no céu e as paisagens ganham uma nova dimensão visual. Lembro-me bem da curiosidade e do fascínio, mas também da frustração: os tempos de exposição, os filtros que não tinha, os erros que me ensinaram mais do que qualquer manual.


Estas foram algumas das fotografias que fiz nessa altura.
O início foi breve, mas significativo. Aprendi que a longa exposição não é apenas uma técnica — é uma forma de estar. Mesmo que tenha parado por muitos anos, ficou a semente.




Este foi o início. Não voltei a ele durante mais de uma década — até agora.
Depois disso, nunca mais voltei a dedicar-me a este género fotográfico. A vida levou-me por outros caminhos fotográficos — retratos, fotografia de casamento e batizado, eventos em geral.
Agora, no entanto, decidi recomeçar. E será, na prática, como começar do zero.
Um dos incentivos para este novo (re)início veio também das partilhas do Pedro Henriques, que já participou em alguns dos meus posts anteriores sobre longas exposições. As suas fotografias, a sua paciência e a atenção ao detalhe foram um lembrete claro de que esta forma de fotografar não se perdeu — apenas estava à espera do momento certo para regressar. Este é esse momento.
São dois mundos opostos — mas ambos válidos e exigentes.
Este post é o início desse registo — não só do que vou fazer, mas também de como vou aprender, errar e corrigir. Espero que possa inspirar ou ajudar quem também esteja a dar os primeiros passos neste tipo de fotografia.
O Que Tenho Neste Recomeço
Desta vez, começo com algum material já preparado. Não é o topo de gama, mas é mais do que suficiente para aprender e criar:
Câmara e objetiva
- DSLR com lente Canon série L 24-105mm f/4, uma objetiva versátil que me permitirá testar diferentes enquadramentos, especialmente entre as distâncias focais médias e grande-angular moderadas — ideais para este tipo de trabalho com filtros.
Filtros ND e Degradés (Sistema Cokin Série L)
- Filtro polarizador circular (Z164)
- Filtro ND4 (Z153) — reduz 2 stops
- Filtro degradé ND2 Light (Z121L)
- Filtro degradé ND4 Medium (Z121M)
- Filtro degradé ND8 Soft (Z121S)
- Porta-filtros BZ-100A
Tripé
- Manfrotto 190XPROB
- Cabeça articulada 3D MH804-3W
Este conjunto vai permitir-me explorar várias situações: da clássica longa exposição junto ao mar até paisagens com céus dramáticos e reflexos suaves.
O Que Me Atrai Neste Género
A fotografia de natureza com longas exposições é, para mim, uma forma de abrandar. Exige tempo, exige calma e convida à contemplação. A técnica é importante, claro, mas mais do que isso, é a escuta do lugar, o observar da luz e do movimento.
Vou errar — muitas vezes. Mas este registo será também feito dessas tentativas e dessas aprendizagens. Cada fotografia será uma conversa com o tempo e com a luz.
O Que Podes Esperar dos Próximos Posts
Nos próximos posts, irei partilhar:
- Fotografias, com os dados técnicos e reflexões sobre o que funcionou (e o que não funcionou).
- Notas sobre o uso dos filtros ND e polarizadores no terreno.
- Pequenas lições aprendidas que possam ser úteis para outros que estão também a começar — ou a recomeçar.
Nota final: Um agradecimento especial ao Pedro Henriques pelo incentivo e inspiração neste recomeço. O cuidado com que constrói cada imagem e a forma como partilha o processo foram determinantes para este regresso à fotografia de natureza com filtros e tempo.
Reflexão Final
Este género de fotografia permite-me algo que há muito valorizo: tempo. Tempo para ver melhor, para respirar com a paisagem, para estar verdadeiramente presente. Ao contrário de outras áreas da fotografia em que tudo acontece depressa, aqui o processo é deliberadamente lento — e é precisamente isso que o torna tão valioso.
Viver no Algarve é também uma sorte e uma oportunidade. Este recomeço leva-me não só a fotografar, mas a explorar zonas que, de outra forma, talvez nunca visitasse. Encostas esquecidas, praias menos óbvias, trilhos entre falésias ou pequenos recantos no interior. Ao procurar locais onde a luz e o movimento se encontram, acabo por descobrir mais do território que me rodeia — e, de certa forma, mais de mim próprio também.
A longa exposição na natureza é mais do que uma técnica. É uma forma de estar, um exercício de atenção e de escuta. É a fotografia a lembrar-nos que às vezes é preciso parar… para ver.
Porque, no fim, o que me move é a paixão pela fotografia — a forma como vejo o mundo, a minha interpretação, a minha reflexão sobre a realidade. Fotografar é o meu modo de pensar com os olhos.
Nota final: Um agradecimento especial ao Pedro Henriques pelo incentivo e inspiração neste recomeço. O cuidado com que constrói cada imagem e a forma como partilha o processo foram determinantes para este regresso à fotografia de natureza com filtros e tempo.
Pedro Henriques é fotógrafo a residir em Tondela, com interesse particular por longa exposição, macrofotografia, fotografia de eventos e composições construídas com cuidado e uma abordagem contemplativa à imagem.